terça-feira, 27 de outubro de 2009
Assombro
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Mastigando a história: Reinventando a revolução
- Bom dia, o chefe está?
- Quem?
- O ora mandatário.
- Quem?
- O ex-proletário.
- Hein?
- O barbudinho.
- Ah... O Palocci... Ele não trabalha mais aqui.
- Tô falando do manda-chuva.
- Dona Dilma?
- Escute aqui rapaz, que o homem seja blindado tudo bem. Mas não torra minha paciência. Chama logo o Lula.
- Moço... Por que não disse antes.
- Humpf.
- São amigos?
- Mais ou menos. Já lutamos juntos contra e a favor de ditaduras.
- Vocês sindicalistas são estranhos.
- Eu não sou sindicalista! Sou filósofo. Ou era.
- Igual o FHC?
- Não! O FHC é sociólogo. Ou era.
- O senhor é gaúcho?
- Não. Sou alemão.
- Igual o do Bigue Broder?
- Não. O Orwell era inglês. Ou indiano. Só sei que era socialista.
- Eita. Cara importante. Não me admira ter ido parar na televisão.
- Hã?
- Mas olha moço, não dá pra chamar o Presidente agora não.
- Por que?
- Tá fazendo um churrasco com um pessoal franceis, lá de Paris.
- O que? Quem é?
- Não sei. Um nome esquisito. E um povo mais ainda.
- Por acaso não é Rousseau?
- Não Dona Dilma não tá aí não. E depois acho que ela nem estrangeira.
- Puta que o pariu. Que Dilma que nada.
- Mas agora o moço me dá licença, volta mais tarde. Eu preciso botar mais carvão na churrasqueira nova de vidro que o presidente comprou.
- Ei rapaz!!! Volta aqui!!! Chama o Lula!!!
- Não dá!!! Volta outra hora. Mas eu falo pra ele que o Senhor veio visitar.
- Ei...
Mas já era tarde. Raimundo foi pra churrasqueira. O churrasco do Lula pra história e Marx, com fome, de volta pra casa pensando que poderia ter encontrado dois colegas de luta e passado uma agradável tarde regada a churrasco, caipirinha e filosofia.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Memórias em conta gotas - enquanto a inspiração não vem!
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
O irônico apagar das luzes (homenagem repetida - momento Forest Gump)
Na hora em que fiquei sabendo de sua morte, nem percebi direito o que estava acontecendo. A Dalva me ligou logo após falar com o José Roberto Romeira Abrahão (amigo e parceiro do Raul). Fiquei uns quinze minutos tentando acalmá-la. Na verdade estava tentando ganhar tempo. Procurava digerir melhor essa, não inesperada, mas surpreendente notícia. Nós, os amigos, há algum tempo sabíamos que o Raul estava chegando a um ponto de difícil retorno. Sua saúde estava muito debilitada e ele bebia muito. O diabetes estava piorando ainda mais sua aparência física. O inchaço de seu corpo era cada vez mais visível.
Como sua vida, também sua morte esteve às voltas com a ironia. Parece ter escrito algumas letras e fez questão de seguir a risca. Dizia que não esperaria a morte com a boca escancarada cheia de dentes. Algumas semanas antes de morrer arrancou todos os dentes. Em outra, alertava que só se iria entender o que falou no dia do eclipse. Dias antes, aconteceu o maior eclipse lunar do século. A Dalva o encontrou morto às 7 horas, provavelmente pouco depois da partida do trem, que segundo ele, era o último do sertão.
Raul se foi. Mas jamais deixará de existir sua imagem questionadora e irreverente. Na música “Canto Para Minha Morte”, ele pergunta: Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer? Creio que para alguém que diz ter nascido há 10 mil anos atrás, tempo para viver não faltou.
domingo, 16 de agosto de 2009
Devaneios
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Sonhando com o cotovelo do universo!!!
terça-feira, 21 de julho de 2009
domingo, 19 de julho de 2009
Lembranças de sonhos MEUS
para onde ele for
Azul, cinza ou vermelho
Poente, nascente ou ausente
so sol serei cúmplice
do seu calor guardião
afagarei as manchas de luz
que teimem em se apagar
Vou atrás da onda
para onde ela for,
para o coral, para o recife
Azul, verde ou sem cor
maré alta, baixa ou media
da brisa serei amante
na tempestade de mar, de amor.
Vou atrás da duna,
não importa onde ela for parar.
Parar? O vento me transporta,
Amarela, invisível ou andante.
Da areia farei meu leito
E, leve então, poderei voar.
Vou atrás da lua,
Cheia, crescente ou minguante,
da nova vida que quero,
Pirata é que serei.
Dos mares secos desertos,
Prateado banho de luz.
Ao dragão não temerei.
Quase acerto - mas foi so o cotovelo - Parte 08 (teorizando o infinito)
terça-feira, 7 de julho de 2009
O Irônico Apagar das Luzes (momento Forest Gump)
Como sua vida, também sua morte esteve às voltas com a ironia. Parece ter escrito algumas letras e fez questão de seguir a risca. Dizia que não esperaria a morte com a boca escancarada cheia de dentes. Algumas semanas antes de morrer arrancou todos os dentes. Em outra, alertava que só se iria entender o que falou no dia do eclipse. Dias antes, aconteceu o maior eclipse lunar do século. A Dalva o encontrou morto às 7 horas, provavelmente pouco depois da partida do trem, que segundo ele, era o último do sertão.
Raul se foi. Mas jamais deixará de existir sua imagem questionadora e irreverente. Na música “Canto Para Minha Morte”, ele pergunta: Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer? Creio que para alguém que diz ter nascido há 10 mil anos atrás, tempo para viver não faltou.
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Situações
sábado, 4 de julho de 2009
quarta-feira, 10 de junho de 2009
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Quase acerto - mas foi so o cotovelo - Parte 07 (o fio do filósofo)
PS: Não fala nada pra tia, mas esse permenente dela está coisa de outro mundo.
Quase acerto - mas foi so o cotovelo - Parte 06 (o capim certo)
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Sopa de Letrinhas
(Por Cid Biavatti)
O Rapaz entra no restaurante. Pega um cardápio no balcão e senta em uma mesa. Alguns instantes depois chama o garçom:
- Pois não?, fala o garçom.
- Que macarrão vocês usam nesta sopa?, pergunta o rapaz.
- Normalmente espaguete, mas hoje estamos sem espaguete. Responde o garçom.
- Então não tem sopa? Pergunta o rapaz.
- Infelizmente, o senhor sabe né, sem espaguete....
- Putz, mas não tem outro tipo de macarrão, qualquer tipo?
- Só tem macarrão de letrinha. Responde o garçom.
- De letrinha. Tá pode ser.
- Só um instante. Diz o garçom se afastando.
Depois de alguns instantes o garçom volta com um prato e coloca em frente ao rapaz.
- O senhor quer beber algo para acompanhar? Pergunta o garçom.
- Agora não obrigada, responde o rapaz.
O garçom se afasta novamente e em seguida volta com uma vasilha fumegante. É a sopa de letrinhas.
- Com licença, diz o garçom enquanto coloca a vasilha na mesa.
- Quer que o sirva? Continua o garçom.
- Que isso, não precisa se incomodar. Responde o rapaz.
- Não é incomodo algum, por favor permita-me. Completa o garçom, servindo o prato.
- Oh, obrigado, agradece o rapaz.
- Agora quer algo para beber? pergunta o garçom.
- Não.
O garçom se afasta. Depois de alguns instantes olhando a sopa o rapaz chama o garçom.
- Sim, diz o garçom.
- O que é isso no meu prato? Pergunta o rapaz.
- Onde?
- Aqui, ou é cego, responde o rapaz.
- Não vejo nada.
- O que está escrito nessa sopa? Pergunta o rapaz
- Eu não sei. Responde o garçom.
- Só pode ser analfabeto. Mas eu te ensino. Soletre comigo. N-A-T... diz o R
O garçom bate a mão na testa, como se não acreditando na cena.
- Natural Cola. Devia Ter percebido quanto me ofereceu tanto algo pra beber.
- O que tem a natural cola a ver com isso? Pergunta o G
- Ora. Na minha sopa tá escrito Natural Cola. Você me oferecendo bebidas. Golpe publicitário.
- Meu pai do céu, fala o garçom.
- Mas eles não me pegam mais nisso. Ah, eu sou capaz de apostar que tinha espaguete. Esse lance do macarrão, se oferecendo pra me servir...
- Escuta, o senhor vai tomar a sopa ou não? pergunta o garçom impaciente.
- Claro que não. Acha que sou maluco. Imagine o que pode se escrever lá no meu estomago. Já pensou se escrever úlcera e o negócio pega mesmo?
- Escute rapaz. Você tá bem novinho pra estar caduco. Então só deve estar tirando sarro da minha cara.
- Nem uma coisa nem outra. Só estou me protegendo de marcas famosas de refrigerante. Diz o rapaz
- Uff. Murmura garçom
- E de crápulas como o senhor. Completa o R.
O garçom se afasta irritado.
- Ei volte aqui. Grita o rapaz. - Achei o nome do restaurante escrito também.
Anti-heróis (tipinho 01)
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
domingo, 8 de fevereiro de 2009
A Batalha “Ab Aeterno” (ou Os Trabalhos de Hércules)
Os dias que se sucedem não são mais do que lembranças vagas. Ao acordar, Hércules só tem uma certeza: é preciso trabalhar. Deixa de lado as lamúrias, concentra o olhar no céu. Faz sua prece, instintivamente. Então vai a luta. Começa catar papel por ali mesmo. Isso de morar na rua tem lá suas vantagens. Trabalhar em casa é uma delas. Se não está enganado, este é o seu décimo segundo trabalho. Catar papel. Precisa achar uma caixa grande. Essa não vai vender. Está precisando de uma nova cama. Sobe a Avenida Voluntários da Pátria. Se sente assim. Um voluntário que dá tudo de si. Trabalha porque gosta. Se sente útil. Mais do que nunca a pátria precisa dele. Pelo menos foi isso que viu o presidente dizer outro dia. Lembra muito bem. Estava comendo um pão na Padaria Progresso. Lá sempre tem pão na lixeira do fundo. Às vezes com margarina.
Hércules sabe que é forte. Todo o dia vence uma batalha. Tem dentro de si o bem e o mal. Apenas uma vez se viu desesperado a ponto de deixar o mal quase lhe trair. Foi forte e devolveu o dinheiro encontrado ao verdadeiro dono. Ganhou cinco reais de recompensa. Mas isso não importa. O dinheiro não tem muito valor para ele. O que vale é estar vivo. O que conta mesmo é enganar o mal. Deixá-lo achar que triunfou, mesmo sem ter ganhado. Chegar ao fim de sua jornada diária e sentir-se realizado. Ter uma casa pra voltar. Com uma cama nova e um pão da Padaria Progresso.
Caça-Palavras
Duas pessoas sentadas lado a lado (pode ser em uma sala de espera, um ônibus, etc.). O mais jovem (tipo entre 16 e 20 anos) pergunta ao senhor (40 anos) que está fazendo caça palavras em uma revista (ou jornal):
- O senhor percebeu como ultimamente os caça palavras estão carregados de mensagens subliminares?
O homem olha de canto olho e responde negativamente algo inaudível.
Depois de alguns instantes o rapaz aponta algo na revista para o homem:
- Gorgos .
- Ah? Pergunta o homem espantado.
- Galáxias em Transe. Responde o garoto.
- Como? Diz o homem cada vez mais sem entender nada.
- Os gorgos. Aquele povo narigudo da série Galáxias em Transe.
- O que tem estes tais de gorgos? Pergunta o homem.
- Aqui, no caça palavras está escrito gorgos, ou seja uma mensagem publicitária implícita. As pessoas mais desatentas como o senhor, com todo o respeito, nem percebem.
O homem apenas sacode a cabeça com ar de pouco caso.
- O senhor sabia que existe uma teoria bem aceita nos meios científicos de que os gorgos realmente existem? Diz o jovem alguns instantes mais tarde.
- Não. Responde o homem angustiado olhando para os lados
- Pois é. Dizem que eles estão entre nós, disfarçados de humanos. Completa o rapaz. - Cá entre nós, eu particularmente acho, ou melhor penso, que Woody Depardie é um deles.
- Quem? Instintivamente pergunta o homem em saber o que fazer.
- Depardie. O criador da série. Ou acha que os humanos estariam se ferrando a toa. Tem alguma coisa estranha por trás disso tudo.
- Putz, exclama o homem cada vez mais angustiado.
- E o melhor jeito de reconhecer um gorgo, segundo os estudiosos, é observando o nariz dele. Dizem que o Michael Jackson perdeu o nariz tentando esconder sua origem extraterrena. O senhor nunca reparou em algum vizinho ou colega de trabalho narigudo? Continua o garoto.
- Eu não... diz o homem desesperado.
- Humm... Olhando bem, o senhor é bem narigudo hein?
O homem não resiste mais e saí correndo e gritando.
Espantado o jovem comenta com uma senhora sentada próxima:
- Que sujeito estranho. A senhora sabia que esse comportamento é típico dos Gorgos?
Dominação
(Por Cid Biavatti)
Dizem que o Criador estava bastante preocupado. Uma das espécies que havia criado se rebelara e queria tomar o poder na terra. As notícias davam conta de que os macacos cortavam o rabo uns dos outros e estavam aprendendo a falar. E o que é pior. Falavam em várias línguas. Os membros erectus da espécie sobrepujavam os demais. Uma medida rápida e drástica deveria ser tomada. Exterminá-los ia contra os princípios do Criador. Sua função era criar, não destruir.
Durante cinco dias ELE tentou em vão achar uma solução plausível. No sexto dia acordou cedo e saiu a caminhar. Tão distraído estava, pisou em uma poça de lama. Olhou para seus pés. A princípio irritado. Depois um sorriso iluminou seu semblante. É lógico! Como não havia pensado nisso antes. Era só criar alguém com sapiência superior aos erectus. E assim foi feito. Com um punhado de argila, dali da poça mesmo, moldou um ser parecido com os macacos. Depois, com uma costela dessa nova criatura, criou a fêmea da recém nascida espécie. Vendo que havia feito um bom trabalho, os mandou à terra, para povoar o mundo.
O Criador confiava muito na habilidade político-argumentativa do homem, que era como havia batizado o novo animalzinho. – Logo dominarão os macacos, pensou. Ele só não contava com a capacidade de barganha dos macacos, que em pouco tempo convenceram o homem a usar gravata e dividir o poder. O homem estava tão feliz que resolveu retribuir a bondade do Criador. Criou Deus. Hoje, tem dias que o Criador pensa em desenvolver outra espécie e mandar para a terra. Por enquanto passa a maior parte do tempo sentado, ouvindo cânticos e sacudindo a cabeça.
domingo, 1 de fevereiro de 2009
Impensável
(Por Abaquar Biavatti)
Pra fora da vida, suja fachada
Sem brilho ou vitrine, nada
Buracos na rua
Pense caminhar assim:
Paisagem amorfa
Relógio parado
História ilusória
Sozinho em você
Você e você
Mofo
Você é você?
Sem vida, inventa
Com vida, inventa
Que vida inventa?
Em que era vive
Quem erra vive?
Ou vive quem erra
Que Dante segure a porta
Não gostei da festa
Vou entrar (que fria?)
Que medo do inverno
Ou seja lá que desculpa for
Não quero andar
Quando vou não fico
Se fico, não vôo
Salve treze badaladas.
sábado, 24 de janeiro de 2009
Gangorra
Se fosse só correr para o abraço
Nada de comemoração
Se fosse o agasalho quente
Nada de sensação
Se fosse uma cara apenas
Cadê a admiração
Se fossemos apenas tristes
Comum a inanição
Se fosse tudo alegria
Nada verias pelo chão
Se fosse sol todo dia
Nada de teto com carvão
Se riso fosse alegria
Nervosa imaginação
Se tudo fosse por magia
Circo apenas armação
Se não fosse apenas um completo
Meio dois apenas ilusão.
PSPI - Partido Solidário com Políticos Indecisos
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
O assalto
- leve o que quiser mas me deixe vivo. Por favor.
- mas eu só quero saber as horas e...
- já disse, leve o que quiser.
- mas amigo, eu não sou ladrão.
-não? Que pena...
- como assim, que pena?
- é o seguinte. No bairro onde moro, todo cidadão de bem já foi assaltado. Sou o único que nunca fui. Ta pegando mal pro meu lado.
- humm.
- tive uma idéia. Você leva meu relógio e meu dinheiro. Assim, nós dois ficamos bem. Você não precisa mais parar ninguém na rua pra perguntar as horas e eu posso dizer que fui assaltado.
- grande idéia! (ar de deboche). E eu posso ser preso por isso. De maneira alguma cara, eu sou um cidadão de bem.
- e já foi assaltado?
- sim, duas vezes.
- Viu. É disso que eu estou falando. Como posso ser considerado um cidadão de bem se nunca fui assaltado?
- não. Sem chances.
- cara!!! Eu não vou fazer BO. É só pra contar pro pessoal.
- não. De maneira alguma (categórico). Não vou me envolver nisso.
- olha só. Você fica com o relógio. Tudo bem que seja vagabundo, o relógio claro. E o dinheiro fica como pagamento pelo favor.
- não, e solta meu braço.
- Pensa bem. Você ganha um relógio e mais, deixa ver quanto tenho na carteira, setenta e cinco reais. Quer saber. Pode levar a carteira também. É de couro.
- setenta e cinco, é?
- sim, mais uns cinqüenta do relógio. Ei, esse negócio de roubo dá dinheiro, hein?
- olha, tudo bem. Vou fazer só pra te ajudar. Meu Deus que maluquice.
- ok. Mas tem que parecer real.
- como assim?
- você faz de conta que está armado e me aborda.
- não!!! Me passa logo o relógio e o dinheiro. Pode ficar com a carteira.
- isso!!! Isso!!!, mas com mais segurança na voz.
- ei seu maluco. Passe logo antes que eu mude de idéia.
- não... assim não. Já viu ladrão mudar de idéia?
- é só modo de falar. Passa logo a grana e o relógio.
- isso me lembra uma piada...
- cara, para de falar e passa logo, senão perco o ônibus.
- ta bom... Agora me bata.
- não. Isso não estava no acordo.
- como vou dizer que fui assaltado se não tiver pelo menos um sinal de espancamento?
- ta bom. Com fui me meter nisso. Onde bato?
- que tal no olho?
- no olho não. Nas costelas.
- ta. Pode ser...
- la vai. POW.
- o que é isso? Isso não machuca nem formiga. Bate mais forte.
- Assim? PÁ!!!
- melhorou. Mais uma vez.
- já chega cara.
- não. Agora me de um chute. Pode ser na canela.
- você pediu. Lá vai.
- Ai, ai, ai, ai.
- Pode parar ai mesmo. É a policia.
- Caramba. Explica pra eles.
- Ai, ai,ai.
- no chão malandro e larga a arma.
- eu não estou armado. Isso não é o que vocês estão pensando. Eu só queria saber a hora.
- e pra isso tem que levar o relógio de um cidadão de bem e trabalhador?
- Ai, ai, ai!!!
- fala pra eles cara.
- não tente intimidar o cidadão. Barcelos, coloca o malandro no camburão.
- ei cara, explica pra eles, por favor.
- não tem nada que explicar aqui. Quem tem que se explicar é você. Pro delegado. Leva Barcelos. Direto pro DP.
- o cidadão quer ir ao hospital?
- não. Quero ir pra casa. Ei, amigo, são 21:35
Olha o buraco colega!!!
Mas então, quando não senti impacto, dor ou o motorista xingando, abri o olho. E aí não vi nada. Nem cachorro na rua (apesar de a Matilde adorar me comparar a caninos). Tudo em silêncio. Absoluto silêncio. Puta merda!!! Morri, pensei na hora. Só falta chegar o Antonio Fagundes, representando um São Pedro de quinta categoria e me passar pito ainda. Seria melhor aparecer a Maitê Proença, diabinha, me chamando pra um churrasco. Desculpe, sou saudosista. Mas nada. Silêncio absoluto. Só o buraco na minha frente. Nada de carro, de motorista e sogra, tia Alzira (graças bom Deus). Olha, na hora pensei em me jogar no buraco, mas, como todo bom acomodado, pulei e fui me encontrar com a Matilde.
Quase acerto - mas foi so o cotovelo - Parte 05 (Ruminando )
Quase acerto - mas foi so o cotovelo - Parte 04 (Dói mais no teu pé, podes crer!!! )
Muito gentilmente e depois de uma pequena pressão diplomática, o grande amigo e professor Extratino resolveu me ajudar sobre esse mês que está absolutamente perdido entre maio e marte. Cara, na verdade tudo começou
Quase acerto - mas foi so o cotovelo - Parte 03 (Do cotovelo à boca do estômago)
Quase acerto - mas foi so o cotovelo - Parte 02
Sempre me pedia para levá-la pra casa (a cerva). Sempre tínhamos ótimas conversas (a gelada). Cinco meses. Pergunte-se: como pode alguém incluir cinco meses nessa contagem maluca em homenagem à cerveja? Ora parceiro, ta certo que ela até já me passou algumas rasteiras... mas isso é coisa de amigo antigo. Entendeu? Ah, esquece. Voltando, resolvi viajar. Comprei uma passagem de ônibus, vesti minha roupa mais roots (sempre achei isso um termo exclusivo da galera CULT, mas vou usar sem constrangimento). Então, viajei por muitos e muitos dias. Parava, trocava de ônibus, dormia na rodoviária, conheci gente de todo o tipo. Até um gaúcho que dizia ser alemão. E só falava inglês. Putz, no meio do sertão, qualquer um pode se passar por aquilo que quiser. Não quis estragar o barato do cidadão e deixei ele com sua viagem. Rumo a Monique. Ou Novo Hamburgo, sei lá. Mas ele foi de ônibus, assim como eu. Deixei ele ir antes. E fui no rumo contrário. Essa viagem, que durou três anos, acrescentou três meses ótimos na minha existência. Agora, estou tentando terminar essa bosta de texto e encontrar mais três meses para finalizar minha tese. (Continuo tentando).