sexta-feira, 22 de julho de 2011

Minúsculo relato da cômica estória humana...

Há alguns milhares de anos atrás (de tão imprecisas, as datas causam discussões frequentes entre os estudiosos), esse pequeno monstrengo bípede depois batizado de homem iniciava sua árdua, porém animada caminhada em busca do desconhecido. Sim, porque mesmo hoje, tecnologicamente bem servidos, embora insatisfeitos, não sabemos ao certo para onde vamos. Nem de onde viemos. Bem, mas de qualquer forma, aqui estamos. Uns (muitos), dizem por obra divina. Outros, que somos produto da seleção e evolução natural. E há quem acredite que este serviço não terminou ainda.

Segundo as escrituras, e olha que não são poucas, no inicio tudo era o breu completo. Uma escuridão de botar medo em saci (não que o pobre ser perneta tivesse com medo do escuro, na verdade era pela dificuldade de andar, ops, pular sem ver nada). Mas aí, está escrito que chegou alguém que teve pena desse pequeno mundo escuro e deu um jeito nisso (não, não foi o pessoal da Celtins, se bem que parece que nunca vamos acabar de pagar essa conta). Dizem os escribas antigos que Deus vendo a penúria dos que aqui viviam fez tudo ficar claro. Uma maravilha. Luz pra todo lado, luz o tempo todo. Todos podiam se ver, e se enxergar. Mas para dormir era uma bosta. O próprio Onipotente começou a ficar incomodado. Como sempre estava Onipresente, não conseguia descansar nunca. Estava pior que casa de prefeito do interior. Sempre tinha alguém perturbando. Então, depois de muito refletir, resolveu dividir o mundo em regiões claras e escuras, para que todo mundo pudesse aproveitar o dia e descansar a noite. Logo percebeu que tinha muito mais gente aproveitando a noite do que o dia. Que remédio. O que está feito está feito. Nesse meio tempo, o homem aproveitando o dia, se organizou. E aproveitando a noite tratou de proliferar a espécie.

É certo que em algum momento resolvemos ir a luta com mais classe (muito antes das lutas de classe), e então inventamos armas rudimentares para caçar alimentos e inimigos (que muitas vezes se transformaram em alimento). Sem saber, estávamos nos lançando na maior aventura da vida, que é tentar manter-se vivo a qualquer custo. Vivíamos uma época sem maiores ambições. Jogando pedra nos vizinhos e em quem mais cortasse nosso caminho. Nossa vocação bélica, como se percebe foi descoberta desde cedo. E olha que nessa época ainda éramos nômades, nem tínhamos uma propriedade para defender. Nesse cenário de constantes atribulações, contrariando todas as expectativas, teorias e possibilidades, eis que surge algo impressionante. Alguns homens começam a pintar as paredes das cavernas. Penso eu que esses caras eram tão ruins de pontaria que foram então designados para fazer a cobertura do dia a dia da tribo. Eles retrataram cenas do cotidiano, desde caçadas até o acasalamento. Foram de uma maneira meio involuntária, os primeiros jornalistas, cineastas e cartunistas da história da humanidade. Seu trabalho, presumivelmente mostrou como se comportava o homem primitivo, sem, no entanto elucidar a dúvida sobre nossa origem. E isso é divertido. Senão, continuaríamos jogando pedras em nossos vizinhos. Não teríamos evoluído ao ponto de descobrir os metais, a pólvora, o papel e fabricar armas mais eficientes e possíveis de serem usadas sem causar tendinite em nossos braços.

Mas, antes disso, alguém cansado de tanto andar, resolveu pegar aquele queijo curado de leite de mastodonte, que ninguém conseguiu ralar para a macarronada e, num esforço sobre humano arrastou até o exterior da caverna-casa e ao joga-lo fora, percebeu um movimento estranho. O queijo se movia sozinho, em uma velocidade incrível morro abaixo. Imagine a cena: na primeira tentativa de montar o queijo, o curioso engenheiro pré-histórico quase morreu esmagado. Foram mais algumas luas até o estalo. Fazer um furo no meio do queijo e encaixar um eixo. De uma vez só surgiu a roda, o eixo, a furadeira e o queijo ralado. E chega de ralar a sola dos pés atrás de áreas melhores. Mas como toda ação criativa implica em uma consequência destrutiva, a roda, em um primeiro momento acabou com os limites do homem. E o homem começou a ir mais longe. Primeiro empurrando a roda, e depois usando alguém para puxá-la. Servia quem quer que fosse. Inimigo capturado, escravo e posteriormente outros animais. A roda, cuja paternidade pode ser atribuída à curiosidade, à preguiça e à ambição humanas, revolucionou o ritmo com que movíamos nossa evolução.

Vai continuar... É fato...