segunda-feira, 6 de julho de 2009

Situações

Um baita susto, diria Naneta. Na verdade quem já não se assustou com a própria sombra. Mas, considerando que eram três e quase meia da madruga, sombra é só que se vê. Mania feia essa minha. Ou acorda cedo ou dorme tarde. Rotina. Tá. Vinha eu na certeza de abrir a porta da frente e ver de cara aquele céu estampado de estrelas. Soy un iluso. Nada vi!!! Putz, o céu estava escuro...Simplesmente. Nada de estrelas, lua, satélite, disco voador... Nada. Me invadiu uma tristeza impensável, um vazio, um silêncio que ecoava distante, se é que vocês me entendem. Desliguei a luz da sala...Uma penumbra única e contínua. Tudo escuro ao meu redor. Fui até a porta dos fundo, esbarrando em meus próprios pensamentos e medos. Coração acelerado, tempo preguiçoso, sombras. Nada de luz no fundo. Nada de estrelas. Em que poço ou fosso me meti, pensei alto, sem quebrar o silêncio. De verdade mesmo, torci pra amanhecer logo, sentado na porta de casa. Vendo essa sombra, que, agora sei, é minha, cobrindo tudo, manchando de negro as pontas das estrelas e o lado claro da lua. Foi como se o susto virasse dor. Uma dor assim, meio dor de dente meio orgulho ferido. Uma quase coceira, de ferida cicatrizando. Abri os olhos. O sol despontava sobre a Serra do Carmo, tingindo de vermelho as poucas nuvens no céu. É. O medo da própria sombra as vezes incomoda muito, pensei. Levantei, esquentei a água e fui tomar chimarrão.

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