sábado, 24 de janeiro de 2009
Gangorra
Se fosse só correr para o abraço
Nada de comemoração
Se fosse o agasalho quente
Nada de sensação
Se fosse uma cara apenas
Cadê a admiração
Se fossemos apenas tristes
Comum a inanição
Se fosse tudo alegria
Nada verias pelo chão
Se fosse sol todo dia
Nada de teto com carvão
Se riso fosse alegria
Nervosa imaginação
Se tudo fosse por magia
Circo apenas armação
Se não fosse apenas um completo
Meio dois apenas ilusão.
PSPI - Partido Solidário com Políticos Indecisos
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
O assalto
- leve o que quiser mas me deixe vivo. Por favor.
- mas eu só quero saber as horas e...
- já disse, leve o que quiser.
- mas amigo, eu não sou ladrão.
-não? Que pena...
- como assim, que pena?
- é o seguinte. No bairro onde moro, todo cidadão de bem já foi assaltado. Sou o único que nunca fui. Ta pegando mal pro meu lado.
- humm.
- tive uma idéia. Você leva meu relógio e meu dinheiro. Assim, nós dois ficamos bem. Você não precisa mais parar ninguém na rua pra perguntar as horas e eu posso dizer que fui assaltado.
- grande idéia! (ar de deboche). E eu posso ser preso por isso. De maneira alguma cara, eu sou um cidadão de bem.
- e já foi assaltado?
- sim, duas vezes.
- Viu. É disso que eu estou falando. Como posso ser considerado um cidadão de bem se nunca fui assaltado?
- não. Sem chances.
- cara!!! Eu não vou fazer BO. É só pra contar pro pessoal.
- não. De maneira alguma (categórico). Não vou me envolver nisso.
- olha só. Você fica com o relógio. Tudo bem que seja vagabundo, o relógio claro. E o dinheiro fica como pagamento pelo favor.
- não, e solta meu braço.
- Pensa bem. Você ganha um relógio e mais, deixa ver quanto tenho na carteira, setenta e cinco reais. Quer saber. Pode levar a carteira também. É de couro.
- setenta e cinco, é?
- sim, mais uns cinqüenta do relógio. Ei, esse negócio de roubo dá dinheiro, hein?
- olha, tudo bem. Vou fazer só pra te ajudar. Meu Deus que maluquice.
- ok. Mas tem que parecer real.
- como assim?
- você faz de conta que está armado e me aborda.
- não!!! Me passa logo o relógio e o dinheiro. Pode ficar com a carteira.
- isso!!! Isso!!!, mas com mais segurança na voz.
- ei seu maluco. Passe logo antes que eu mude de idéia.
- não... assim não. Já viu ladrão mudar de idéia?
- é só modo de falar. Passa logo a grana e o relógio.
- isso me lembra uma piada...
- cara, para de falar e passa logo, senão perco o ônibus.
- ta bom... Agora me bata.
- não. Isso não estava no acordo.
- como vou dizer que fui assaltado se não tiver pelo menos um sinal de espancamento?
- ta bom. Com fui me meter nisso. Onde bato?
- que tal no olho?
- no olho não. Nas costelas.
- ta. Pode ser...
- la vai. POW.
- o que é isso? Isso não machuca nem formiga. Bate mais forte.
- Assim? PÁ!!!
- melhorou. Mais uma vez.
- já chega cara.
- não. Agora me de um chute. Pode ser na canela.
- você pediu. Lá vai.
- Ai, ai, ai, ai.
- Pode parar ai mesmo. É a policia.
- Caramba. Explica pra eles.
- Ai, ai,ai.
- no chão malandro e larga a arma.
- eu não estou armado. Isso não é o que vocês estão pensando. Eu só queria saber a hora.
- e pra isso tem que levar o relógio de um cidadão de bem e trabalhador?
- Ai, ai, ai!!!
- fala pra eles cara.
- não tente intimidar o cidadão. Barcelos, coloca o malandro no camburão.
- ei cara, explica pra eles, por favor.
- não tem nada que explicar aqui. Quem tem que se explicar é você. Pro delegado. Leva Barcelos. Direto pro DP.
- o cidadão quer ir ao hospital?
- não. Quero ir pra casa. Ei, amigo, são 21:35
Olha o buraco colega!!!
Mas então, quando não senti impacto, dor ou o motorista xingando, abri o olho. E aí não vi nada. Nem cachorro na rua (apesar de a Matilde adorar me comparar a caninos). Tudo em silêncio. Absoluto silêncio. Puta merda!!! Morri, pensei na hora. Só falta chegar o Antonio Fagundes, representando um São Pedro de quinta categoria e me passar pito ainda. Seria melhor aparecer a Maitê Proença, diabinha, me chamando pra um churrasco. Desculpe, sou saudosista. Mas nada. Silêncio absoluto. Só o buraco na minha frente. Nada de carro, de motorista e sogra, tia Alzira (graças bom Deus). Olha, na hora pensei em me jogar no buraco, mas, como todo bom acomodado, pulei e fui me encontrar com a Matilde.
Quase acerto - mas foi so o cotovelo - Parte 05 (Ruminando )
Quase acerto - mas foi so o cotovelo - Parte 04 (Dói mais no teu pé, podes crer!!! )
Muito gentilmente e depois de uma pequena pressão diplomática, o grande amigo e professor Extratino resolveu me ajudar sobre esse mês que está absolutamente perdido entre maio e marte. Cara, na verdade tudo começou
Quase acerto - mas foi so o cotovelo - Parte 03 (Do cotovelo à boca do estômago)
Quase acerto - mas foi so o cotovelo - Parte 02
Sempre me pedia para levá-la pra casa (a cerva). Sempre tínhamos ótimas conversas (a gelada). Cinco meses. Pergunte-se: como pode alguém incluir cinco meses nessa contagem maluca em homenagem à cerveja? Ora parceiro, ta certo que ela até já me passou algumas rasteiras... mas isso é coisa de amigo antigo. Entendeu? Ah, esquece. Voltando, resolvi viajar. Comprei uma passagem de ônibus, vesti minha roupa mais roots (sempre achei isso um termo exclusivo da galera CULT, mas vou usar sem constrangimento). Então, viajei por muitos e muitos dias. Parava, trocava de ônibus, dormia na rodoviária, conheci gente de todo o tipo. Até um gaúcho que dizia ser alemão. E só falava inglês. Putz, no meio do sertão, qualquer um pode se passar por aquilo que quiser. Não quis estragar o barato do cidadão e deixei ele com sua viagem. Rumo a Monique. Ou Novo Hamburgo, sei lá. Mas ele foi de ônibus, assim como eu. Deixei ele ir antes. E fui no rumo contrário. Essa viagem, que durou três anos, acrescentou três meses ótimos na minha existência. Agora, estou tentando terminar essa bosta de texto e encontrar mais três meses para finalizar minha tese. (Continuo tentando).